segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Blog bobo, post bobo...

Ele andava pra lá e pra cá, inconformado.
Seus pensamentos ardiam em fúria enquanto olhos temerosos o seguiam em mais um de seus momentos raivosos.
“Como podem continuar agindo assim? É ultrajante!”
E mais um buquê de rosas ou caixa de chocolates eram entregues em seu quarto de hospital.
O lugar já parecia uma loja de conveniência tamanha era a diversidade de itens dispostos por todos os cantos.
Cartões desejando que melhorasse logo e não perdesse nunca as esperanças abarrotavam o leito ao lado do seu, balões coloridos com mensagens positivas e sorrisos enormes faziam do teto branco um arco-íris e lá vinha mais um maldito entregador com algo nas mãos perguntando quem era o Senhor Almeida...
A enfermeira, já tão aborrecida quanto ele, nem fazia mais questão de abrir a boca. Levantava o braço e apontava para o senhor grisalho que começava a amaldiçoar quem havia posto mais um filho entregador no mundo...
Romualdo Almeida havia aparecido na capa de inúmeras revistas no início do ano ao adquirir a maioria das ações de 15 mega-empresas de uma vez só na negociação mais ambiciosa de todos os tempos.
Em menos de um mês ele havia se transformado no brasileiro mais rico do mundo.
Desde então sua vida se tornou um inferno...
A secretária começou a cumprimentá-lo com uma piscadinha maliciosa no final.
Seus empregados apertavam sua mão euforicamente e lhe davam tapinhas nas costas quando passava.
Até sua mulher que andava meio distante e desleixada com a aparência, voltou a fazer ginástica e a transar com ele três vezes por semana.
Todos passaram a bajulá-lo.
E ele os odiava por isso. Os odiava odiosamente se isso fosse possível.
Em todos esses anos ninguém havia mostrado o menor interesse em parabenizá-lo por seus pensamentos econômicos, ninguém havia parecido para apertar sua mão e distribuir tapinhas amistosos quando quase perdeu tudo ao apostar no cereal matinal com sabor de tapioca, nenhuma alma penada ficou do seu lado na campanha “ensine um cego a dirigir”...
E agora isso.
Foi ao hospital tratar de uma unha encravada e todos agiam como se estivesse morrendo.
Mas estava decidido. Iria voar pela janela o próximo presente que chegasse.
15 minutos depois um bolo enorme despencou do 29º andar do prédio e se espatifou no chão do estacionamento.
Pena que a stripper dentro dele também...

Feliz natal pra todos.!

2 comentários:

Slash disse...

eu era a stripper, ta? e não me machuquei muito. só que depois nunca mais consegui trabalhar de pé...

rs

Bruno Bello disse...

Piada velha numa roupagem nova. Tão perfeita que eu juro que não imaginei o fim. Nem quando você mencionou o bolo \o/
Gostou do meu scrap pra vc de natal? xD