sábado, 31 de outubro de 2009

Um dia qualquer

"Seus olhos só brilharam daquele jeito quando ele ficou sabendo do assassinato da mãe. E quando ele soube quem o fez."

Era tarde da noite, e eu estava no boteco da esquina bebendo minha diária dose de uísque. Olhei para a mesa do lado e vi, no bar meio vazio de sexta, que ela estava olhando para mim. E era um olhar penetrante.

Fui até a mesa e puxei assunto, precisava de sexo naquela noite. Deus, como ela era linda. As horas passavam, e eu não me importava, a conversa continuava. Convidei-a para o meu apartamento. Uma das melhores noite dos meus trinta anos.

Acordei às 5h da manhã, e não dormi mais. Olhei para o lado e ali estava ela, linda, impecável, nua. Fumei um cigarro. Esperei pacientemente ela acordar e a levei para casa.

- Quando vou te ver de novo? - Ela sussurrou baixinho.

Disse que logo e sai para a rua.

Ouvi um clique em minhas costas, e pareceu que eu já estava esperando por isso.

- Gostei de você, mesmo, mas preciso fazer isso.

Expliquei que minha vingança vazia não tinha me levado exatamente a um caminho de felicidade, mas apagava um pouco da atrocidade cometida com a minha progenitora. Disse para ela abaixar a arma.

- Não posso. - Novamente um sussurro, quase inaudível.

"Você não é a primeira que tenta fazer isso", disse. Virei nesse momento e tirei a arma dela. Ela começou a chorar. Lentamente fiz o caminho para casa, mas desvei para o bar.

Essa é a minha sina, carregar essa cruz por ter matado a assassina da minha mãe. Acho que vou me mudar de cidade.