segunda-feira, 10 de março de 2008

Robermar e seus amigos

Robermar é um cara que não se conforma com uma situação se ela for muito diferente dos seus princípios. Todo dia acorda, vai trabalhar - trabalha num sexshop, sonha em um dia trabalhar como dono de uma doceria, sonho que mantém vivo com seus 20 reias mensais depositados no banco como poupança -, chega em casa, liga a televisão no superpop e dorme extasiado pelo cansaço do dia trabalhado. Um dia ou outro ele resolve cozinhar, compra três fatias de presunto, um pão e se delícia em casa com o lanche, acompanhado daqueles sachês de mostarda roubados da padaria.

Oliveta é uma mulher independente, trabalha na lojinha de camelô do seu tio e leva a vida com R$200 por mês. É namorada de Robermar, e ganhou uma sandália de plástico semana passada do seu parceiro. Depois de 5 meses de relacionamento, deixou-o pegar na sua mão. Ambos têm 25 anos.

Um dia, estava jogando RPG com seus melhores 'miguxos' - como ele dizia -, e comentou com Wanderleido que o José tinha traído a Josefina. Wanderleido disse:

- Cara! É a coisa mais normal do mundo. É super normal e moderno você andar com outras pessoas enquanto indivíduo-complexo-bípede e dotado de 'célebro' altamente dividido e polegar opositor.
- Nossa, e eu achando que era errado. Mas de uma coisa eu tenho certeza, nunca vou trair a Vetinha.

Mesmo depois de defender sua posição de namorado fiel, Robermar queria comprovar o fato com a sua 'namorada', até que um dia, depois de 5 meses - já tinha beijado o rosto da amada -, tomou coragem e perguntou:

- Vêêê, sabe o que eu descobri há um tempo atrás?
- Que foi?
- Que o José traiu a Josefina, o Wanderleido que me falou.
- Por que 'cê' tá me falando isso, porra?
- Não, não, eu só queria falar sobre o comentário do Wander. Ele disse que é normal isso acontecer hoje em dia para seres humanos 'dípedes', alguma coisa assim, estranho isso né?
- Claro que não! - Oliveta disse pensativa - Eu te traí todos os dias do nosso relacionamento nesses últimos 10 meses. Dei ... superavanços no nível de entendimento do ser 'umano'. Por que? Você nunca me traiu?

Uma lágrima, então solitária, escorrega pelo rosto de Robermar. Ele nunca tinha amado tanto uma pessoa até conhecer a Oliveta. A coisa mais perto que ele fez foi uma declamação de amor para sua tartaruga de estimação, entitulada 'ode à judith'.

Obviamente, devido à sua personalidade, ele quis gritar, espernear, sair correndo pela rua para gritar a sua dor. Até pensou em cortar os pulsos com faca de rocambole, mas desistiu da idéia depois de saber que doía.

Hoje, depois do episódio superado, Robermar não está mais com Oliveta. Arranjou uma nova namorada, que o entende pelo que ele é. E ela se chama Judith.

2 comentários:

Bruno Bello disse...

haUHUAhuAHUA
E finalmente o blog recomeça.

Raphael Rocha disse...

com post do dia do gustavo!?
que mentira...